Alegrias cotidianas

Apresentação que escrevi para uma exposição coletiva de fotografia do SESC:

Existe um ditado que diz que a grama do vizinho é sempre mais verde. Isso porque, olhando de fora, a vida dos outros sempre parece muito fácil, e a nossa, sempre muito complicada. Do lado de lá da cerca, o vizinho tem a mesma impressão, e se pergunta como podemos levar uma vida tão simples, quando a dele é tão difícil. A verdade, porém, é que a vida é essencialmente a mesma para todos nós. A diferença está no que cada um decide valorizar, se a tristeza, se a alegria.

Sabendo olhar, vamos perceber que há sementes de beleza generosamente espalhadas à nossa volta. Elas frutificam em felicidade:  um fim de tarde, uma lua cheia, uma aragem que bate à noitinha com cheiro de dama-da-noite. Coisinhas muitas vezes miúdas, e que acontecem sem que a gente perceba, mas que aquecem o coração de quem valoriza a vida.

A idéia da mostra é trazer para o público alguns desses momentos simples do cotidiano, observados por alguns de nossos melhores fotógrafos. Uma plantinha cultivada com carinho e que viceja numa varanda de subúrbio, uma luz suave que entra pela janela, um jogo de bola, um jardim, uma vista bonita, crianças e bichos brincando ou dormindo contentes, como só eles sabem fazer.

As alegrias do cotidiano não são, em geral, alegrias espalhafatosas. Em geral, são simples e, muitas vezes, nem reparamos nelas, de acostumados que estamos. Ao apontar suas câmeras para essas alegrias do dia-a-dia, os artistas que produziram as imagens de “Cotidianas alegrias” nos lembram que viver não é só reclamar do que deu errado, mas, sobretudo, agradecer pelo que deu certo.

18 respostas em “Alegrias cotidianas

  1. aCHEI O TEXTO TÃO LINDO QUE IMRPIMI E COLOQUEI NO MURAL PARA TODOS DO LUGAR ONDE TRABALHO LEREM.
    OBRIGADA
    ALTINA

  2. “…viver não é só reclamar do que deu errado, mas, sobretudo, agradecer pelo que deu certo”.

    Exatamente!!!

    • Tom! Eu sempre achava que a sua fotinha aí era um papagaio meio esquisito. Agora resolvi passar o rato por cima e percebi que é parte de um gato! Eu sou distraída mesmo. 🙂

      • é um gato, vigiando os ratos, visto através d’um ‘buraco de rato’

        agora estou duplamente pasmo: vcs duas não identificaram o que era, caramba!

        Mas acho q um “papagaio meio esquisito”, com ênfase no ‘esquisito’ [apud Houaiss], tb me cai bem 🙂

      • Eu demorei mas identifiquei, uai! O ‘papagaio incerto’ me incomodou até eu parar pra prestar atenção. Porque tudo bem que você é uma figura falante, Tom, mas esquisitices à parte, você é o cara mais claro e esclarecedor de coisas que eu conheço. Essa foto do gato pelo buraco deve ser óbvia em tamanho grande. Assim pequenininha confunde!

  3. Muito bom!
    A gente acaba sendo drenado pro fundo de tanto apreciar desgraça. Nada como uma exposição de alegria cotidiana com apresentação Rónaica pra colocar nossas vistas em perspectiva feliz. Capturar momentos singelos pra nos lembrar que o mundo é mais bom do que ruim, anima a fé como uma oração bem recitada.
    Quando eu fico muito reclamona, o pensamento acaba indo pra saudade que eu vou sentir de viver quando tudo acabar. Vou conferir a exposição pra ver se as fotos são justamente o registro dessa minha saudade antecipada. Tenho certeza que é.

    Legal, Corinha.

Diga lá!