Animais!

Acompanhei, através da transmissão feita pelos próprios ativistas, o resgate dos animais do Instituto Royal. A qualidade das imagens, feitas num celular, estava entre o péssimo e o sofrível, mas a sua carga de emoção foi maior do que a de muita superprodução. A cada coelho ou cachorrinho que saía do inferno, o público que acompanhava a ação na internet comemorava, mandando congratulações e palavras de estímulo e agradecimento aos heróis da madrugada.

Também acompanhei, no dia seguinte, os depoimentos dos diretores do instituto, que negam a existência de maus tratos nas suas dependências. Uma nota divulgada pela instituição, aliás, chegou a afirmar que os bichos teriam, lá, “as melhores condições de vida, com saúde, conforto, segurança e recreação”.

Que me desculpem os senhores diretores, mas é impossível levar a sério quem acredita que se podem usar tais termos em relação a animais que passam a vida em gaiolas, sendo submetidos a toda sorte de experiências dolorosas. Melhores condições de vida? Saúde? Conforto? Se a nota foi redigida de boa fé, mostra um completo distanciamento da realidade; se não foi, revela uma perigosa falta de compromisso com a verdade.

Aliás, há várias perguntas sem resposta em relação ao instituto. A primeira, e mais importante, é saber quem são os seus clientes. Como o Royal recebe verbas públicas, tem a obrigação de revelar para quem trabalha. Com isso se esclareceria boa parte das dúvidas que cercam a natureza dos testes lá realizados. Testar cosméticos e material de limpeza em animais, por exemplo, é prática condenada num número crescente de países. Na União Européia a legislação é tão severa que, no começo deste ano, foi proibida até a comercialização de produtos testados em animais, ainda que importados.

o O o

Sou contra a realização de testes em animais — mas não tenho formação científica, e minha opinião sobre o assunto é, consequentemente, só isso, uma opinião. Por esse motivo, passo a palavra para o especialista Sérgio Greif, biólogo formado pela Unicamp, com mestrado na mesma universidade, co-autor do livro “A verdadeira face da experimentação animal: a sua saúde em perigo” e autor de “Alternativas ao uso de animais vivos na educação: pela ciência responsável”:

“Se um pesquisador propusesse testar um medicamento para idosos utilizando como modelo moças de vinte anos; ou testar os benefícios de determinada droga para minimizar os efeitos da menopausa utilizando como modelo homens, certamente haveria um questionamento quanto à cientificidade de sua metodologia.

Isso porque assume-se que moças não sejam modelos representativos da população de idosos e que rapazes não sejam o melhor modelo para o estudo de problemas pertinentes às mulheres. Se isso é lógico, e estamos tratando de uma mesma espécie, por que motivo aceitamos como científico que se testem drogas para idosos ou para mulheres em animais que sequer pertencem à mesma espécie?

Por que aceitar que a cura para a AIDS esteja no teste de medicamentos em animais que sequer desenvolvem essa doença? E mesmo que o fizessem, como dizer que a doença se comporta nesses animais da mesma forma que em humanos? Mesmo livros de bioterismo reconhecem que o modelo animal não é adequado.

Dados experimentais obtidos de uma espécie não podem ser extrapolados para outras espécies. Se queremos saber de que forma determinada espécie reage a determinado estímulo, a única forma de fazê-lo é observando populações dessa espécie naturalmente recebendo esse estímulo ou induzi-lo em certa população.

Induzir o estímulo esbarra no problema da ética e da cientificidade. Primeira pergunta: será que é certo, será que é meu direito pegar indivíduos e induzir neles estímulos que naturalmente não estavam incidindo sobre eles? Segunda pergunta: será que é científico, se o organismo receber um estímulo induzido, de maneira diferente à forma como ele naturalmente se daria, será ele modelo representativo da condição real?”

A íntegra deste artigo pode ser lida na internet, em bit.ly/17HLVZn. Já a dra. Preci Grohman, médica, é professora aposentada da UFRJ, e fez cursos de pós-graduação nas universidades de Toronto e Londres. Ela escreveu o seguinte:

“Quando estudante, fiz experimentos com animais, recebendo bolsa do CNPq. Na época acreditava nessa prática. Já em Toronto e Londres utilizei cultura de células humanas .

Os cientistas, com seus experimentos, conseguem títulos de mestre ou doutor, o que resulta em promoções e aumento de salários. Isso os torna mais competitivos no mercado de trabalho. Seus supervisores também são agraciados com títulos e prestigio.

A criação de plantéis de animais para pesquisa também é muito lucrativa.
Certas drogas, inócuas em animais, já causaram grandes desgraças quando usadas em humanos. A mais conhecida foi a Talidomida. Macacos não desenvolvem câncer de pulmão mesmo sendo obrigados a tragar cigarros continuamente. Se a diversidade genética entre indivíduos da mesma espécie já é significativamente grande para levar a respostas diversas após um mesmo estimulo, o que se pode esperar entre diferentes espécies?

Pesquisas já são feitas com voluntários, podem ser feitas em criminosos que desejem reduzir suas penas ou ainda em culturas de células humanas. Se forem necessárias outras técnicas, os seres humanos devem ser competentes o suficiente para desenvolve-las. Um exemplo de desperdício na ciência é o descarte diário de milhares de cordões umbilicais, ricas fontes de células.

A manutenção até os dias de hoje de experimentos em animais visa puramente interesses financeiros, e já deveria ter sido abolida há decadas”.
(O Globo, Segundo Caderno, 24.10.2013)

72 respostas em “Animais!

  1. andam colocando muita água com açúcar no sangue de barata de algumas pessoas, só pode…

    também anda faltando bom senso aos que viraram extremistas – da ilegalidade e da legalidade.

    de repente, parece que os binários (sou a favor!/sou conta!) dominaram o mundo. horror!

  2. Engraçado Cora, achei que voce havia desativado a área de comentários do blog. Mas, vamos lá. Já esperava essa opinião sua favorável à invasão do instituto e ao roubo dos Beagles, mas não esperava que você silenciasse sobre a depredação do instituto de pesquisa e comprometimento dos resultados do instituto. Veja bem, se os beagles sofreram horrores medievais em São Roque, a depredação do instituto fez com que todo esse sofrimento tenha ocorrido… EM VÃO! O resultado de qualquer teste, de qualquer medicamento que estivesse sendo feito ali, se perdeu. Sumiu. Sofrimento à toa. Ponto para a ignorância e o arrivismo político.
    Também não esperava, Cora, que você silenciasse sobre a segunda tentativa de invasão, com direito a black blocks e tudo, que terminou com humanos feridos e três carros incendiados de maneira criminosa. Vi que falou disso nos comentários, lidos por meia-dúzia, mas no artigo lido por muitos.
    Também não esperava, Cora, que ao citar o biólogo Sérgio Greif, você omitisse o currículo completo dele. Bastava um CTRL-C e CTRL-V, é a primeira citação dele no Google: “Sérgio Greif – sergio.greif@sociedadevegana.org – Biólogo formado pela UNICAMP, mestre em Alimentos e Nutrição com tese em nutrição vegetariana pela mesma universidade, ativista pelos direitos animais, vegano desde 1998, (…)” Pronto. Ele tem formação científica, mas todos seus leitores têm o direito de saber que ele mesmo se apresenta como um ativista da causa dos direitos animais. Seria mais transparente.
    E vi sua discussão com o Tom Taborda, e sinceramente, dizer que a invasão do instituto e o roubo dos beagles foi boa porque naquele dia não haviam black blocks é incompreensível. Agiram como black blocks, ignorando as leis e criando sua própria justiça. E não haviam vidas em jogo: os beagles não eram prisioneiros da Gestapo nem iam para o pelotão de fuzilamento.

      • Destaco o ótimo comentário da ativista Lúcia Brandão Guarani-Kaiowá, em 26 de outubro de 2013, no facebook:

        TESTES EM ANIMAIS PARA SALVAR A VIDA DE MILHARES DE PESSOAS CONTRA O CÂNCER…

        As pessoas que defendem veementemente testes em animais, justificando que os animais precisam salvar nossas vidas, argumentam que defendem a tortura e morte de milhões de animais pelo mundo, para criação de medicamentos que salvarão as pessoas de muitas doenças, principalmente as degenerativas. Mas estas pessoas defendem afinal os laboratórios e medicamentos, ou a saúde, a vida humana? Porque não vejo estas mesmas pessoas moverem uma palha contra os agrotóxicos conhecidamente produtos cancerígenos que estão acabando com a saúde humana e o Brasil é o maior consumidor de veneno do mundo, que vem diariamente no prato de todo brasileiro. Não vejo essas pessoas fazerem NADA para conter o avanço da MONSANTO e os BIG SIX, indústrias desenvolvedoras de sementes geneticamente modificadas conhecidamente causadoras de degenerações orgânicas e do ambiente, sabemos também que as abelhas estão sumindo no planeta por estas interferências ostensivas no campo. A MONSANTO e as outras do tipo, estão se tornando proprietárias das SEMENTES no planeta, impedindo à força, o uso de sementes naturais pelos agricultores e impondo as cancerígenas geneticamente modificadas . O câncer no mundo aumentou em 900% em poucos anos entre pessoas e entre cachorros e gatos, os veterinários estão assustados com o número alarmante de casos de câncer e tumores…..Eu faço uma pergunta. O QUE ESTAS PESSOAS ESTÃO FAZENDO PARA GARANTIR A VIDA AFINAL? O QUE ESTÃO FAZENDO PARA GARANTIR A SAÚDE DOS BRASILEIROS?
        Então ficamos assim, agora? Nos empanturramos de veneno e os animais precisam dar a própria vida em eternas sessões de tortura em laboratórios para salvarem nossas vidas? Não percebem que isso é enxugar gelo? Além do mais os medicamentos criados são de um preço absurdo, somente consumidos por pessoas ricas, onde ja se viu uma caixa de medicamentos custando 20 mil reais?? Isso é SALVAR VIDAS ou é SALVAR VIDAS DE UMA ELITE apenas? Não percebem que estão defendendo sim apenas as indústrias farmacêuticas? NÃO SE ENGANEM! NÃO ESTÃO DEFENDENDO A VIDA!
        A VIDA, SE DEFENDE ANTES DE SE INICIAR OS PROCESSOS DEGENERATIVOS. A VIDA SE DEFENDE QUESTIONANDO O QUE ESTÁ NOS ALIMENTANDO E O QUE ESTÁ NOS ADOECENDO.

        • Vejam como as indústrias farmacêuticas “enganam” as publicações médicas
          ( Antony Barnett )

          Gigantes farmacêuticas contratam autores fantasmas para produzir artigos — e colocam nomes de médicos neles. Centenas de artigos em periódicos médicos que deveriam ter sido escritos por acadêmicos ou médicos, foram escritos por autores fantasmas contratados por laboratórios farmacêuticos, como revela uma investigação da publicação The Observer. – Esses periódicos, bíblias da profissão, exercem enorme influência sobre quais medicamentos os médicos receitam e o tratamento proporcionado pelos hospitais. Porém, o periódoco The Observer obteve provas de que muitos artigos escritos por assim chamados acadêmicos independentes, podem ter sido escritos por autores a serviço de agências que recebem grandes somas das indústrias farmacêuticas para fazer propaganda dos seus produtos.
          Estimativas sugerem que quase metade de todos os artigos publicados em periódocos, são de autoria de escritores fantasmas. Enquanto os médicos que colocaram seus nomes nesses trabalhos são geralmente muito bem pagos por ‘”emprestar” sua reputação, os escritores fantasmas permanecem ocultos. Eles, e o envolvimento das indústrias farmacêuticas, raramente são revelados. Esses trabalhos endossando certos medicamentos são exibidos perante os clínicos como pesquisa independente, para persuadi-los a receitar os medicamentos.
          Em fevereiro, o New England Journal of Medicine, foi forçado a revogar um artigo publicado no ano anterior, por médicos do Imperial College em Londres, e do National Heart Institute, sobre o tratamento de um tipo de problema cardíaco. Veio à tona o fato de que vários dos autores arrolados, tinham pouca ou nenhuma relação com a pesquisa. A fraude somente foi revelada quando o cardiologista alemão, o Dr. Hubert Seggewiss, um dos oito autores relacionados, telefonou para o editor do periódico para dizer que nunca tinha visto qualquer versão do trabalho publicado.
          Um artigo publicado em fevereiro último no Journal of Alimentary Pharmacology, especializado em distúrbios do estômago, envolveu um autor trabalhando para o gigante farmacêutico AstraZeneca — um fato que não foi revelado pelo autor. O artigo, escrito por um médico alemão, reconhecia a “contribuição” da Dra. Madeline Frame; porém, não admitia a sua condição de autora sênior da AstraZeneca. O artigo, apoiava o uso de um medicamento chamado Omeprazole — de fabricação da AstraZeneca — indicado para úlceras gástricas, apesar de pareceres revelando mais reações adversas do que os medicamentos similares.
          Poucos dentro da indústria têm coragem suficiente para romper o silêncio. Entretanto, Susanna Rees, assistente editorial de uma agência de trabalhos sobre medicina até 2002, ficou tão preocupada com o que tinha testemunhado, que mandou uma carta para o website do British Medical Journal. “As agências que escrevem artigos médicos fazem tudo que é possível para esconder o fato de que os trabalhos que escrevem e submetem a periódicos e eventos, são escritos por fantasmas a serviço das empresas farmacêuticas, e não pelos autores apontados”, escreveu ela. “O sucesso desses trabalhos fantasmas é relativamente alto — não enorme mas consistente”.
          Susanna Rees disse que como parte do seu trabalho, ela devia assegurar que em nenhum artigo a ser eletronicamente submetido tivesse qualquer vestígio quanto a origem da pesquisa. “Um procedimento padrão que usei, estabelece que antes que um trabalho seja submetido a um jornal eletronicamente ou em disco, o assistente editorial precisa abrir o arquivo do documento no Word e eliminar os nomes da agência responsável pela redação ou da agência de autores fantasmas ou da companhia farmacêutica e substituí-los pelo nome e a instituição da pessoa que foi convidada pela indústria farmacêutica (ou da agência que atua em seu nome), a ser apontada como autor principal, embora não tenha contribuído para o trabalho”, escreveu ela. Quando entraram em contato com ela, ela se recusou a dar detalhes. “Assinei um acordo de confidencialidade e estou impedida de fazer comentários”, disse ela.
          Um autor que tem trabalhado para diversas agências, não quis ser identificado por receio de não conseguir trabalho novamente. “É verdade que algumas vezes a empresa farmacêutica pague um autor de assuntos médicos para escrever um artigo apoiando um medicamento em particular” disse ele. “Isso significa usar toda a informação publicada para escrever um artigo explicando os benefícios de um tratamento em particular. Depois, um médico conhecido será procurado para assinar o trabalho. Esse será submetido a um periódico sem que alguém saiba que um autor fantasma ou uma indústria farmacêutica está por trás disso. Eu concordo que isso seja provavelmente anti-ético, mas todas as empresas estão fazendo isso”.
          Um campo onde os artigos-fantasmas vem se tornando um problema crescente é a psiquiatria. O Dr. David Healy, da Universidade de Wales, estava realizando pesquisas sobre os possíveis perigos dos antidepressivos, quando o representante de um fabricante de medicamentos lhe mandou um e-mail oferecendo ajuda. O e-mail , visto pelo The Observer, dizia: “Para reduzir a sua carga de trabalho a um mínimo, pedimos que nosso autor-fantasma produzisse um rascunho baseado no trabalho publicado por V.S.a. Veja o anexo”. O artigo era uma resenha de 12 páginas, a ser apresentada em um evento em data próxima. O nome do Dr. Healy aparecia como único autor, embora nunca tivesse visto uma única palavra desse trabalho antes. Como não gostou da brilhante resenha do medicamento em questão, ele sugeriu algumas mudanças. O fabricante respondeu, dizendo que ele não tinha notado alguns pontos “comercialmente importantes”. O trabalho-fantasma apareceu finalmente no congresso e em um periódico psiquiátrico em sua forma original — porém com o nome de outro médico. O Dr. Healy disse que tais fraudes vem se tornando mais freqüentes. “Acredito que 50 por cento desses artigos sobre medicamentos nos principais periódicos médicos não são escritos na forma que a pessoa comum espera… As provas que tenho visto sugerem que uma significativa proporção dos artigos em periódicos, como o New England Journal of Medicine, o British Medical Journal e o Lancet, foram escritos com a ajuda de agências”, disse ele. “Não são mais que informações comerciais pagas pelas empresas farmacêuticas”.
          Nos Estados Unidos, em um caso levado à justiça contra a indústria farmacêutica Pfizer, apareceram documentos internos dessa empresa mostrando que ela empregava uma agência de autores de assuntos médicos de New York. Um dos documentos analisa artigos sobre o antidepressivo Zoloft. Em alguns dos trabalhos faltava somente uma coisa: o nome de um médico. Na margem, a agência tinha colocado as iniciais TBD. O Dr. Healy acha que significam to be determined (a ser determinado).
          O Dr. Richard Smith, editor do British Journal Of Medicine, admitiu que os artigos-fantasmas são um “grande problema”. “Estamos sendo enganados pelas companhias farmacêuticas. Os trabalhos vem com os nomes de médicos e, freqüentemente, descobrimos que alguns deles não têm a menor idéia a respeito do que escreveram”, disse ele. “Quando descobrimos , rejeitamos o trabalho; mas é muito difícil. De certa forma, nós mesmos causamos o problema ao insistir que qualquer envolvimento com uma empresa farmacêutica, seja divulgado. Encontraram caminho para contornar isso e vão trabalhar na clandestinidade”.
          Antony Barnett é redator de Assuntos de Interesse Público do periódico The Observer (Grã-Bretanha). Artigo publicado em 7 de dezembro de 2003

          Conflito de interesses
          Uma análise de 789 artigos dos jornais médicos mais importantes (The Lancet, New England Journal of Medicine, Journal of the American Medical Association, Annals of Internal Medicine) mostrou que um terço dos autores titulares tinham interesses financeiros em suas pesquisas, sob a forma de patentes, ações ou honorários das empresas, por estarem no Conselho Consultivo ou trabalhando como diretor.

          Veja o website http://integrityinscience.org/, onde você encontra todos os cientistas e pesquisadores comprometidos com as indústrias

          http://www.taps.org.br/medcrise.htm

        • Tudo isto é verdade, e deve ser continuamente denunciado, para que tais abusos sejam contidos legalmente. Mas…

          Na hora do seu parto, vc (ou seus familiares, entes-queridos, ou conhecidos) prefere, preferiu, ou preferirá:
          – indução medicamentosa com hora-marcada, anestésico injetado na coluna-vertebral (peri-dural), cesareana (Laparotomia de Pfannenstiel, incisão transversal acima da púbis, abrindo a cavidade abdominal) em centro cirúrgico? (como é o revoltantemente habitual na cultura brasileira)

          – ou trabalho-de-parto fisiológico, uma parteira e duas cordas na cabeceira da cama em casa, ou num leito de maternidade (lembrando que o Parto Natural, acompanhado por Parteiras regulamentadas é perfeitamente utilizado nos EUA e UK e, no dia seguinte a Kate Middleton, como exemplo-exemplar, descia as escadas com as próprias pernas)?

          Na hora de qualquer aflição de saúde (de vc ou seus entes queridos), sua opção seria também utilizar os mais avançados recursos disponíveis. Basta checar quais medicamentos fazem parte de sua ‘farmacoteca pessoal’ cotidiana.

          Mas não dá para ser ‘Ludita de Buffet’, escolhendo algumas denúncias e fingindo ignorar outras, segundo suas conveniências.

          • O que representa “radicalismo na defesa da dignidade dos animais” para alguns, ressoa como compaixão diante do sofrimento alheio para outros; ou seja, um grau de empatia elevado, que pode levar essa pessoa a se colocar em situações de risco e até de morte, só para dar fim a uma situação que ela considera totalmente injusta para outros seres… Nossos recortes de realidade sempre serão diferentes, porque seres humanos são únicos! O que faz sentido para mim, pode não fazer sentido algum para você e por isso é tão difícil chegar a uma situação de concordância quase sempre.

            É claro que já ingeri vários medicamentos, mas isso não me faz esquecer que podemos discutir novos métodos de testes que não utilizem animais e investir seriamente nestas pesquisas. Como não tenho formação acadêmica na área médica, deixo mais um interessante texto que nos faz pensar na relação de importância das coisas em nossas vidas.

            Artigo publicado pelo biólogo Sérgio Greif, em 2009, nos sites Olhar Animal e ANDA.

            “Seu filho vale menos que um rato?”
            Qualquer ser humano normal considera que a vida de seu próprio filho vale mais do que a vida de um rato. Mas é verdade também que qualquer ser humano normal considerará a vida de seu filho mais valiosa do que a vida de uma outra criança. Isso porque conferimos mais valor àquilo de que gostamos mais. Essa questão de preferência, porém, não se reflete no valor real dos indivíduos. Nenhum ser humano normal mata uma outra criança porque seu próprio filho está precisando dos órgãos. Ninguém atualmente tenta justificar racionalmente a utilização de crianças africanas para testar medicamentos que serão comercializados nos Estados Unidos com base em argumento do tipo “Seu filho vale menos que uma criança africana?”.

            Para mim meu filho vale mais do que o filho do meu vizinho, mas isso não me dá direito algum sobre o filho do vizinho. Então por que esse argumento vil, malicioso e injusto é utilizado para tentar justificar o uso de animais em laboratórios? A única resposta que me ocorre é a de que existem poucos argumentos plausíveis a favor da experimentação animal. É necessário, de fato, apelar-se para esses, correndo-se o risco de simplesmente não se conseguir justificá-la. Trata-se de uma estratégia manipulatória de desespero e mesmo cientistas de renome não temem usá-la.

            Existem ainda outras linhas de defesa baixas da experimentação animal. Uma delas diz que sem a pesquisa em animais a ciência ficará estagnada. Isso é condicionar todo o pensamento científico a uma única metodologia. Caso isso fosse verdadeiro, se isso de fato assim o fosse, não seriam necessários cientistas nos centros de pesquisa, bastariam técnicos capazes de seguir protocolos experimentais. Isso seria também negar todas as descobertas científicas realizadas sem animais, baseadas na observação de fenômenos em situações de campo, ou seja, praticamente todas.

            Outra linha trata de colocar os ativistas pelos direitos animais como fundamentalistas irracionais, terroristas, culpados por todo o atraso da ciência. Essa tentativa de retratar ativistas como criaturas obscuras e medievais, de desumanizá-los ou compará-los a nazistas nada mais é do que uma estratégia de desespero. Quando acusações reais não são possíveis, apela-se ao irreal. E cientistas mandam para si mesmos cartas ameaçadoras e se colocam como mártires pela ciência, e apesar de tudo continuarão com seu importante trabalho, pelo bem da humanidade. Mas se há algo de medieval e nazista em toda essa história isso ocorre quando se acendem fogueiras para queimar um inimigo que não existe, ou quando se utilizam argumentos de cunho supremacista para justificar o injustificável, como a pergunta que dá título a esse artigo.

            Mesmo que cientistas sejam, eventualmente, ameaçados por um ou outro ativista, essas ameaças refletem a única manifestação contrária ao que eles praticam diariamente contra criaturas tão sencientes quanto seus próprios filhos. As ameaças são atitudes de desespero de pessoas que sabem que não podem apelar para as leis nem a nenhuma força legal. Esses cientistas são culpados, não são vítimas como querem se colocar. Ainda assim, ameaças, mesmo quando existem, quase nunca são levadas a cabo.

            Nossa cultura nos faz conferir valores diferente para vidas animais e humanas. Mas ela também nos faz conferir valores diferentes para as pessoas que conhecemos e as que não conhecemos, para povos com os quais temos boas relações e para aqueles aos quais somos indiferentes, para animais com os quais simpatizamos e para aqueles com que não simpatizamos. Essas questões de preferência pessoal nada têm a ver com o valor real da vida. Quando cientistas de renome fazem uso dessa psicologia para tentar justificar seus crimes, quando esses argumentos são os melhores que existem para defender a experimentação animal, fica evidenciado que a vivissecção é uma instituição em ruínas.

            Sérgio Greif
            Biólogo formado pela UNICAMP, mestre em Alimentos e Nutrição com tese em nutrição vegetariana pela mesma universidade, docente da MBA em Gestão Ambiental da Universidade de São Caetano do Sul, ativista pelos direitos animais, vegano desde 1998, consultor em diversas ações civis publicas e audiências públicas em defesa dos direitos animais. Co-autor do livro “A Verdadeira Face da Experimentação Animal: A sua saúde em perigo” e autor de “Alternativas ao Uso de Animais Vivos na Educação: pela ciência responsável”, além de diversos artigos e ensaios referentes à nutrição vegetariana, ao modo de vida vegano, aos direitos ambientais, à bioética, à experimentação animal, aos métodos substitutivos ao uso de animais na pesquisa e na educação e aos impactos da pecuária ao meio ambiente, entre outros temas. Realiza palestras nesse mesmo tema. Membro fundador da Sociedade Vegana.

            • também existem ‘Paleontólogos Criacionistas’, como existia uma ‘Ciência Bolchevique’, o que não quer dizer coisa alguma, exceto a tentativa de dar ares sérios às ideologias

              No texto citado: Filhos e outros Seres Humanos são mero recurso retórico-emotivo. Na prática, os preciosos pets de cada ativista (como argumentei no “Mais Lenha na Fogueira”, comentário de 26/10/2013 às 17:33) são demonstradamente mais valiosos que centenas de animais semelhantes, sacrificados para o desenvolvimento de toda a parafernália veterinária que salvou a vida de cada ‘querido bichinho-de-estimação’. Ou será que, quando doentes, são deixados sofrer e morrer, para não utilizar os recursos da ‘vil-ciência’?

              Ou seja: Seu filho vale tanto quanto um rato; mas seu cãozinho vale mais que centenas de outros ratos e dezenas de outros cães.

            • Então, não posso afirmar que a vida de um rato vale menos que uma vida humana? Hi… em duas ocasiões matei dois ratos cinzas que estavam na minha casa, usando uma ratoeira. E isso quer dizer que agora qualquer firma que faz dedetização ou desratização é uma organização criminosa?
              Veja bem: sou contra a crueldade contra animais. Animais silvestres, por exemplo, devem ser protegidos e não podem ser vendidos, comprados ou usados em pesquisas médicas. Animais domesticados, como vacas, cavalos, ratos e cachorros, são todos os dias comprados e vendidos, para os mais diversos fins.
              E um desses fins é o das pesquisas científicas e pesquisas farmacêuticas. É claro que padrões e procedimentos devem ser observados, e talvez o Instituto Royal não estivesse seguindo a lei. Mas o que os arrivistas e black blocks fizeram foi simplesmente invadir lugar, roubar os animais de maior valor de mercado (os beagles), quebrar computadores e deixar para trás os animais pouco valorizados. Dificultaram a obtenção de provas, e continuam não me convencendo de que QUALQUER experimentação com animal é INTRINSICAMENTE errada, e por isso deve ser proibida.

          • A revista Isto É está sendo elogiada por muitos leitores, por levantar a questão da possibilidade da substituição de animais em inúmeros testes e, num futuro próximo, se houver investimento e interesse, nenhuma cobaia mais será necessária. Ainda não li, mas deixo aqui essa dica.
            Abraços para todos…

            • É verdade que muitos animais morreram nas aulas de veterinária para que se chegasse ao conhecimento que se tem hoje sobre a sua anatomia, entretanto, isso não significa que precisem continuar morrendo… Não podemos apagar os erros do passado, mas podemos criar um futuro com novas alternativas e essa procura por novos métodos de pesquisa que substituem os animais vem sendo feita por vários veterinários (professores de universidades no Brasil e no mundo inteiro). Escrevi um artigo sobre este assunto: “MEDICINA VETERINÁRIA – RESPEITO, COMPAIXÃO E ÉTICA HOLÍSTICA”. Este artigo pode ser encontrado no Google, através do meu nome de ativista (Bianca Lobo e Luar).

              Tom,
              esclareço que não penso nos muitos gatos que crio (há mais de dez anos) como se tivessem direito a regalias e prioridades; até porque recolho frequentemente animais nas ruas e me vinculo emocionalmente muito rapidamente a todos eles; isto é, por este motivo, não consigo fazer distinção entre os “meus gatos” e os gatos que ainda estão circulando nas ruas…

              É estranho lembrar que quando eu tinha 18 anos de idade, não enxergava sequer um animal abandonado nas ruas e hoje, vejo animais em todos os lugares onde vou…Por isso eu não critico severamente as pessoas que ainda não tem a visão ampla sobre o sofrimento que eles passam nas ruas, nos laboratórios e em qualquer outro lugar, porque eu sei que a sensibilidade humana cresce com o passar dos anos, muitas vezes, até mesmo contra a nossa própria vontade.

            • Repensar continuamente os procedimentos é a essência da Ciência. E todas as críticas pertinentes são válidas

              Não queremos “apagar os erros do passado”. Mas vc batalha para apagar os acertos do presente

              Quando é preciso, vc certamente usa os recursos veterinários necessários, no cuidado dos seus gatos (em nenhum momento citei “regalias e prioridades”)

              E o ‘seu cãozinho’ que escrevi é no mesmo recurso estilístico do autor do “seu filho”

          • Bem, minhas irmãs tiveram os filhos em casa, parto natural, de cócoras, junto com médicos obstetras e com certeza foi muito melhor do que em hospitais frios, desumanos, continuamente “dedetizados” para que as milhões de bactérias que circulam por ali sejam eliminadas, mas que vivem infectando pessoas, enfim um ambiente nada acolhedor para uma vida que se inicia. Nem todas as pessoas tem os mesmos hábitos.

            • Viva Andrea! Minhas irmãs também! (mas é uma raridade) 🙂

            • Não batalho para apagar os acertos da Ciência do presente, simplesmente, não vou deixar de lutar pela libertação dos animais de todo o sofrimento ao qual vem sendo expostos. Existem métodos alternativos já descobertos e outros virão, pelo caminho do progresso…

        • Estávamos falando de testes em animais, mas parece que a questão passou a ser a pesquisa farmacêutica em geral. Então, pera lá, você está sugerindo que experimentações em animais são erradas porque elas vão gerar medicamentos inócuos, ou que apenas visam o lucro das empresas, ou por alguma outra razão?
          Se for esse o caso, então não use mais nenhum medicamento comprado em farmácia. Simples. A chance dele já ter sido usado em um beagle, cavalo ou outro, é de quase 100%.
          Só alerto que, se você tiver filhos, o correto seria dar a eles remédios normais, comprados em farmáçías. Eles não precisam pagar pelos erros gerados por esse pensamento torto.

          • Bruno ,
            estou expondo a minha opinião e a opinião de especialistas renomados nos temas citados e não preciso da sua aprovação (pessoal) para absolutamente nada. Nem pretendo convencer pessoas que não serão convencidas nem com os mais convincentes argumentos, porque não querem enxergar o sofrimento gerado pelos testes em animais… Não perco o meu tempo com isso. Costumo me aprofundar em opiniões de pessoas que realmente estudam temas científicos, assim como eu e não em opiniões de pessoas que só criticam os ativistas sem válida fundamentação.

            A avaliação das pessoas que não me conhecem, a meu respeito, não me afeta em nada. Vou continuar expondo as minhas opiniões.

            Aproveito para deixar outras informações aos leitores,que assim como eu, buscam estudar e encontrar informações que minimizem o sofrimento dos animais.

            Cientista da USP à frente de pesquisa com pele artificial. Estudos podem auxiliar em métodos substitutivos ao uso de animais em testes de cosméticos. Também “luta pela criação de um centro nacional de testes alternativos”. Vale ler muito! E quem quiser, veja mais em: http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC3021617/
            Aos 42 anos, essa bióloga lidera na Universidade de São Paulo (USP) pesquisas com o uso de uma pele artificial – idêntica à humana -, que permite avaliar a toxicidade e a eficácia de novas drogas para o tratamento de câncer.

            DEDICAÇÃO ALIADA À ÉTICA
            Cientista paulista desenvolve pele artificial para substituir o uso de animais em testes
            06 de novembro de 2011 às 6:00
            A cientista desenvolveu uma pele artificial que visa a substituição do uso de animais em testes na indústria farmacêutica.
            Enquanto a irmã brincava de boneca, Silvya Stuchi preferia observar insetos. Na escola, gostava de ciências. E quando ganhou dos pais um laboratório mágico, daqueles com fumacinha saindo dos tubos de ensaio, decidiu: “Vou ser cientista”. “Sempre tive esse olhar curioso”, conta Silvya Stuchi Maria-Engler, uma das mais renomadas cientistas brasileiras da nova geração.

            Aos 42 anos, essa bióloga lidera na Universidade de São Paulo (USP) pesquisas com o uso de uma pele artificial – idêntica à humana -, que permite avaliar a toxicidade e a eficácia de novas drogas para o tratamento de câncer.

            Seus estudos também ajudam as indústrias a testar produtos cosméticos, substituindo o uso de cobaias animais. Agora, ela luta pela criação de um centro nacional de testes alternativos. “A indústria cosmética européia já baniu o uso de animais. Nossa pesquisa vai trazer esse avanço ao Brasil”, afirma Silvya, com um carregado sotaque caipira. De Catanduva, no interior paulista, à Califórnia, onde fez seu pós-doutorado, a menina que gostava dos tubos de ensaio agora coleciona prêmios – como o de Paulistano do Ano da revista VEJA São Paulo, em 2010, na categoria cientista. De família humilde e tendo estudado a vida toda em escola pública, ela ensina: “Dedicação é tudo”.

        • E voce que critica e cobra está defendendo? Seu discurso deveria mudar para: O QUE NÓS “ESTAMOS” FAZENDO PARA GARANTIR A VIDA AFINAL? O QUE ESTAMOS FAZENDO PARA GARANTIR A SAÚDE DOS BRASILEIROS?

  3. ROYAL INTERDITADO! HOJE, AGORA. 19h08…
    Parabéns a todos os ativistas que colaboraram para alcançarmos mais esta vitória, em nome da dignidade dos amigos animais!
    Abraços carinhosos para todos…

    • 25 Razões por que testes em animais são inúteis e cruéis

      1- Menos de 2% das doenças humanas são observadas em animais.
      2- Testes em animais e os resultados nos humanos concordam somente de 5 a 25% das vezes.
      3- 95% das drogas homologadas por testes em animais são imediatamente descartadas como desnecessárias ou perigosas ao humanos.
      4- Pelo menos 50 drogas no mercado causam câncer em animais de laboratório. Mas elas são permitidas porque é admitido que teste em animais não são relevantes.
      5- A P&G usou um almíscar artificial apesar de ter causado câncer em ratos. Eles alegaram que os resultados nos testes dos animais eram “de pouca relevância para os humanos”.
      6- Mais de 90% dos resultados dos testes em animais são descartados por serem inaplicáveis aos homens.
      7- Testes em ratos são apenas 37% eficazes na identificação da causa de câncer em humanos. Jogar uma moeda para o alto (cara ou coroa) tem mais acerto.
      8- Roedores são animais quase sempre utilizados na pesquisa do câncer. Eles nunca pegam carcinomas, a forma humana de câncer, que afeta as membranas (por exemplo, câncer de pulmão). Seus sarcomas afetam ossos e tecidos conjuntivos: os dois não podem ser comparados.
      9- Quando perguntados se concordam que experimentos em animais podem ser enganosos “por conta das diferenças anatômicas e fisiológicas entre os animais e os humanos”, 88% dos médicos concordaram.
      10- Diferença de sexo entre animais de laboratório pode causar resultados contraditórios. Isso não corresponde com os seres humanos.
      11- 9% dos animais anestesiados, que deveriam recobrar consciência, morrem.
      12- Estimativa de 83% de substâncias são metabolizadas por ratos de forma diferente do que é nos humanos.
      13- De acordo com testes em animais, o suco de limão é um veneno mortal, mas arsênio, cicuta e toxina botulínica são seguros.
      14- 88% dos fetos natimortos são causados por medicamentos que são considerados seguros através dos testes em animais.
      15- Um em cada seis pacientes hospitalizados estão lá por causa de um tratamento que tenham feito.
      16- Nos EUA, 100 mil mortes por ano são atribuídas a tratamentos médicos. Em um ano, 1,5 milhão de pessoas foram hospitalizadas devido a tratamentos médicos.
      17- 40% dos pacientes sofrem de efeitos colaterais como resultado de prescrição médica.
      18- Mais de 200 mil medicamentos já foram lançados. A maioria deles já foi retirado do mercado. Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), apenas 240 são “essenciais”.
      19- Um congresso de medicina na Alemanha concluiu que 6% das doenças fatais e 25% das doenças orgânicas são causadas por medicamentos. Todos foram testados em animais.
      20- A operação de salvamento da gravidez ectópica (gravidez anormal que ocorre fora do útero) foi atrasada 40 anos devido a vivisecção.
      21- Aspirina falhou em testes com animais assim como cardioglicosideos (remédio para o coração), tratamentos de câncer, insulina, penicilina e outros medicamentos seguros. Eles teriam sido banidos se fossem baseados nos teste com animais.
      22- Trinta e três animais morrem em laboratórios pelo mundo a cada segundo.
      23 – Crueldade: Para testar drogas e insumos para a indústria, bilhões de animais – principalmente roedores, cães, gatos e primatas – são trancados em laboratórios anualmente e submetidos a práticas dolorosas. Inserção de substâncias tóxicas em seus olhos, inalação forçada de fumaça e implantação de eletrodos em seu cérebro são apenas algumas destas práticas. Via de regra, são utilizados animais de pequeno porte e dóceis, para facilitar o manejo dentro dos institutos de pesquisa. Neste cenário, a raça Beagle, infelizmente, se encaixa perfeitamente e são eles os preferidos dos vivisseccionistas
      24 – Atraso no desenvolvimento da ciência: O médico norte-americano Ray Greek – um dos entusiastas de que a vivisecção é um atraso ao desenvolvimento da ciência – disse, em 2010, à Revista Veja:
      “As drogas deveriam ser testadas em computadores, depois em tecido humano e daí sim, em seres humanos. Empresas farmacêuticas já admitiram que essa será a forma de testar remédios no futuro.”
      Ray afirma que os testes são uma falácia e que atrasam a ciência. Ele é voluntário para testes em humanos, desde que observados todos os pré-requisitos de segurança.
      25 – Ineficiência dos testes: O médico Ray Greek, ainda em entrevista à Revista Veja, em 2010, afirmou: “A indústria farmacêutica já divulgou que os remédios normalmente funcionam em 50% da população. É uma média. Algumas drogas funcionam em 10% da população, outras 80%. Mas isso tem a ver com a diferença entre os seres humanos. Então, nesse momento, não temos milhares de remédios que funcionam em todas as pessoas e são seguros. Na verdade, você tem remédios que não funcionam para algumas pessoas e ao mesmo tempo não são seguros para outras. A grande maioria dos remédios que existe no mercado são cópias de drogas que já existem, por isso já sabemos os efeitos sem precisar testar em animais. Outras drogas que foram descobertas na natureza e já são usadas por muitos anos foram testadas em animais apenas como um adendo. Além disso, muitos remédios que temos hoje foram testados em animais, falharam nos testes, mas as empresas decidiram comercializar assim mesmo e o remédio foi um sucesso. Então, a noção de que os remédios funcionam por causa de testes com animais é uma falácia.”

      Referências e fontes:
      http://www.animalliberationfront.com
      http://www.vista-se.com.br

      • Não adianta listar tudo que deu errado (e a Ciência está aí, para corrigir seus erros, aprimorando-se; e as críticas servem para isso), e usar e desfrutar tudo o que deu certo com bons resultados, nos últimos setenta anos.

        Aquele medicamento que você usa e confia é a exceção destas 25 razões listadas. Assim como diversos outros, devidamente incorporados à farmacopéia moderna

        x-x-x-x-x-x-x
        Quanto aos cientistas-ativistas, pergunto:

        Eles estão fazendo alguma coisa, pesquisando cura ou tratamento alternativo para doenças, com pesquisas rigorosas e metódicas (resultados anedóticos não valem, são literalmente ‘uma piada’)?

        Ou estão apenas atrapalhando as pesquisas de quem efetivamente está labutando, com rigor e método, cura ou tratamento para doenças?

        • Por que os cientistas ativistas teriam a obrigação de apresentar métodos de cura e tratamento? Nós, protetores dos animais, já fazemos o trabalho que caberia ao Estado, a responsabilidade de defender a dignidade dos animais tutelados por ele, constitucionalmente…Protegemos os animais dos maus-tratos e da negligência social, sem ganhar nenhum dinheiro, nem receber nenhum título de honra.

          Vou continuar divulgando a ineficiência dos testes em animais, amparada em opiniões de especialistas.

          • os especialistas cuja opinião considero são aqueles que hoje estão buscando a cura da diabetes, alzheimer, obesidade etc. etc. etc. e a vacina para a Malária, AIDS, HPV etc. etc. etc.

            Se seus especialistas souberem como fazê-lo, sem a utilização de animais-de-laboratório, por favor revelem este segredo

            • Tom,
              estes especialistas existem e com o passar do tempo, os resultados destas pesquisas serão mais divulgados para o conhecimento do público.

            • ótimo, Bianca
              “You never change things by fighting the existing reality. To change something, build a new model that makes the existing model obsolete.”
              Richard Buckminster Fuller

              lembrando que: estou pouco me importando com o “conhecimento do público”, aguardo é o reconhecimento da comunidade científica e adoção de novos protocolos, se pertinentes

            • não percebem que, se houvesse uma alternativa à utilização de caríssimos animais-de-laboratório (com suas fileiras de gaiolas e necessidades fisiológicas tendo que ser cuidadas diariamente), se houvesse um software ou cultura de tecidos que substituísse esta custosa menagerie, os laboratórios — das mais gananciosas indústrias farmacêuticas às mais modestas universidades — é claro que pressurosamente adotariam esta alternativa, aliviados.

              E os criadouros de animais-de-laboratório, por mais lucro que tivessem, por mais caro que fosse seu ‘produto’, fechariam as portas. Como fecharam as portas as fábricas vitorianas de reprocessamento do chá, os escritórios de venda de linha-telefônica e as fábricas de máquina-de-escrever.

              Mas, por enquanto, os animais-de-laboratório ainda são em grande parte insubstituíveis.

          • Por que teriam uma obrigação de apresentar um método de cura? Será que é por que o avanço técnico e cientifico dos últimos 150 anos está dando certo, e você parece querer parar ele? Por que graças a esse conhecimento a expectativa de vida é mais alta que a de décadas atrás? E já que para você tudo parece se resumir a pets, a população de gatos e cachorros só aumenta, junto com a humana, e é fato que os pets nunca foram tão bem tratados como nas últimas décadas.
            Se você quiser proteger os animais de maus-tratos, então vá correr atrás de uma rinha de pit bulls ou de galos. E elas existem: o publicitário Duda Mendonça já foi pego apostando em uma. Mas cuidado: quem promove rinha de animal costuma ter má-indole ou pode até andar armado. Ao contrário dos seguranças pastéis do instituto Royal.
            E vou te contar um segredo: existem firmas, com CNPJ e tudo, que só existem para matar pobres animaizinhos, verdadeiros esquadrões da morte. São firmas de dedetização e desratização. Vá atrás delas. Ou você é a favor da morte de ratos?
            Mas fique longe dos experimentos científicos, por favor. Parece que você não entende ainda por que eles são realizados. Nem admite que eles podem ser feitos de maneira ética.

            • Você está muito nervoso, Bruno. Por que? Está tentando me constranger?
              Não entendi a agressividade contida em seu discurso…Afinal, todos os leitores deste blog tem o direito de apresentar as suas próprias opiniões. Até porque, a própria Cora Ronai defendeu a idéia do fim dos testes em animais em seu ótimo artigo.

  4. (fugindo do assunto: se alguém estiver a fim de participar de uma feirinha de adoção em São Paulo, amanhã, uma dica: das 10h às 16h, na Marginal do Tietê, 3200, ao lado do Shopping D, feirinha de adoção da UIPA SP – https://www.facebook.com/photo.php?fbid=532341670185010. entre outros tantos animais, poderão conhecer o Jack, um filhotinho de gato, parecido com o Tobias, mas caolho, que havia sido adotado e foi devolvido, porque outros gatos o rejeitaram: https://www.facebook.com/photo.php?fbid=533781970040980. Cora, desculpe-me, mais uma vez, pelo abuso no espaço. beijos.)

  5. Eu imaginava, para não dizer que sabia, que você ia escrever sobre esse assunto. É muito bom que estas coisas sejam discutidas e com isso acabam sendo condenadas e espero que sejam abolidas. A Sheila Moura da ong falabicho escreveu o seu pensamento a respeito e estou inteiramente de acôrdo: “Um dia a experimentação animal será considerada tão absurda, tão inaceitável como hoje nos é a idéia do holocausto, da escravidão e da inquisição…”
    Eu concordo com todos os pensamentos que defendam os animais e os livrem do sofrimento.

  6. Totalmente `a favor do que a Cora escreveu, enfim um comentário sensato porque, até então só se viam comentários conservadores da comunidade científica, que obviamente não quer se questionar se é realmente ético, se realmente se está sendo humano ao se usar animais para o que quer que seja, como se eles, os animais, tivessem menos direito `a vida e `a dignidade do que nós, humanos. Essa idéia de superioridade humana achei que já estivesse ultrapassada. Acho que nada, nenhum avanço da ciência que seja justifica o uso de animais como se fossem meros objetos. Hoje em dia a ciência virou um dogma inquestionável dos seres “racionais e superiores”. Tudo pela ciência e pelo progresso. Enquanto isso, milhares de animais – e de seres humanos – são sacrificados. Isso é bem mais importante e vital do que o suposto “vandalismo”.
    Enfim, obrigada.

    Andrea Canto

    • Como disse, há um certo prazer perverso em escolher este e não outros recursos. Faço minhas as palavras de “Sheila Moura da ong falabicho escreveu o seu pensamento a respeito e estou inteiramente de acôrdo: “Um dia a experimentação animal será considerada tão absurda, tão inaceitável como hoje nos é a idéia do holocausto, da escravidão e da inquisição…” Como citou Layla no comentário acima.
      Graças a Deus, tudo isso está chegando ao fim.

  7. [não posso resistir ao jogo-de-palavras etimológico (cf. etimologia de ‘cinismo’, forçando a analogia com ‘hipismo’)]

    Como bem poderia dizer o Millôr:

    Defender a invasão no resgate dos cães é puro cinismo
    TT
    😉

      • Cora,
        você é uma grande jornalista e apesar de saber que não precisa de mais elogios, gostaria de dizer que adorei o seu artigo sobre o caso dos Beagles, porque através dele você demonstrou, mais uma vez, o seu afeto sincero pelos animais e isso sempre comove ativistas como eu. A polêmica gerada por seu artigo é ótima, porque nos faz discutir assuntos que muitas pessoas querem esquecer…

        Talvez esta relação de provas possa demonstrar o tamanho da indignação dos ativistas que invadiram o Instituto Royal, com o consentimento da polícia, que nada fez para impedir o resgate dos cachorros, porque esses “homens da lei” também ouviram o apelo desesperado desses animais…

        Infelizmente, quando o Ministério Público demonstra uma certa negligência, omissão ou aparente conivência com os que praticam crimes, mesmo estando este Ministério, ciente de laudos que provavam os maus-tratos contra os cães (antes da invasão do Instituto), o movimento ativista mostra toda a sua força e indignação… Não sou a favor da violência, mas compreendo a paixão e o sofrimento dos ativistas que ouviram os latidos de socorro dos Beagles… Quem não salvaria um filho, um grande amigo, uma mãe ou um pai em momentos cruciais como este? Alguém esperaria uma decisão judicial que pode nunca chegar para libertá-los deste injusto sofrimento?

        Envio algumas provas encontradas contra o Instituto Royal que não foram divulgadas pela Rede Globo, nem por outras emissoras; obviamente, porque podem gerar discussões muito mais aprofundadas sobre vários temas…

        O Deputado Fernando Capez fala sobre as mentiras contadas pelo Instituto Royal, por representantes do Governo e as verdades sobre experiências no exterior:

        1) A falta de licença do Instituto antes de 29/08/2013 para promover pesquisas com animais, realizando-as ilegalmente e com o apoio do Dr. Marcelo Marcos Morales, coordenador do CONSEA (Conselho Nacional de Experimentação Animal).

        2) O fato de que o Instituto Royal produziu 2.800 quilos de cadáveres de animais sem licença do governo.

        3) A falácia e falta de qualquer prova ou indicio que se realizava ali estudos sérios sobre câncer.

        4) A informação de que no Reino Unido, apenas 0,1% dos laboratórios utilizam cães e os outros 99,99% utilizam métodos alternativos.

        5) O repasse irregular de R$ 5.249.498,52 do dinheiro público em 2012 para uma entidade que não tinha licença para funcionar.

        6) A licença que o Instituto Royal possuía era para canil.

        7) O crime federal cometido pelo Instituto em realizar experiências dolorosas ou cruéis, de acordo com a Lei de Crimes Ambientais no Brasil (artigo 32, parágrafo 1), quando existiam métodos alternativos para os mesmos testes.

        8) O crime cometido pelo Instituto, de acordo com a lei 11.794, artigo 14, que diz que o animal somente poderá ser submetido a procedimentos, se receber cuidados antes, durante e depois, de acordo com normas do CONCEA. Se o Instituto não tinha cadastro aprovado no CONSEA, não poderia ser fiscalizado ou saber destes procedimentos.

          • PS: Como cientista da educação, tenho o prazer de divulgar que em reunião com o Deputado Federal Ricardo Trípoli sobre o caso dos animais utilizados pelo Instituto Royal, amigos (meus) da proteção animal receberam uma das melhores notícias dos últimos dias: o Procurador Geral do Estado de São Paulo, transferiu a condução do caso para a Promotora Vania Tuglio do GECAP – Grupo Especial de Combate aos Crimes Ambientais, que além da capacidade intelectual, faz parte da comissão antivivisseccionista do Estado de São Paulo. Portanto, nós, ativistas que acompanhamos o caso dos Beagles, teremos acesso a análise e parecer da Dra. Vânia, profissional que estuda o tema “defesa dos animais” com seriedade e escaparemos de certa forma, de opiniões tendenciosas dos que pactuam com o lucro associado a falta de compaixão pela dor dos animais.

    • com todo respeito, vejo mais cinismo em defender a justiça – enquanto processo lento – onde há injustiça clamando por Justiça – enquanto resposta ao sofrimento.

      cínico, para mim, é aquele que defende a instituição com as tábuas da lei em punho e nada faz para que o sofrimento termine.

      eu apoiaria essa tal justiça se ela, em sua lentidão e cegueira, não beneficiasse a continuação do sofrimento só para acumular provas e laudas em sua argumentação.

      essa justiça que trata a vida do outro como peça num teatro racional é, sim, exemplo de cinismo.

      cá entre nós, a ação dos militantes está mais para loucura que cinismo. aí sim, ficamos mais próximos do que realmente acontece: defensores dos animais estão enlouquecendo todos os dias, um pouco mais a cada novo resgate, um pouco mais a cada sacrifício, um pouco mais a cada descaso, um pouco mais a cada humilhação, um pouco mais a cada risinho cínico dos que defendem essa justiça cegamente quando se trata de maus tratos a animais.

      sim, os militantes estão beirando a loucura, muitos já mergulharam nela, e agem como loucos que estão. não é cinismo.

      mas, é claro, há quem ignore.

      com relação aos que se aproveitam disso, seja do lado dos cínicos, seja do lado dos loucos, por prazer, excitação ideológica, radicalismo, vandalismo ou modismo, esses sim, nem loucos nem cínicos, meros aproveitadores, merecem repreensão imediata.

      aquele abraço.

      • Relôu, Claudio: a Cora entendeu imediatamente o apropriado jogo-de-palavras e sorriu (como eu esperava)

        Justamente para evitar mal-entendidos, tive o cuidado de inserir a ‘explicação da piada’, mostrando a desconhecida etimologia de ‘cinismo’, cuja raiz é kynós=cão, a mesma de ‘cinofilia’.

        Assim a [apropriada] frase tinha dois sentidos, o imediato e superficial no qual ela e eu estamos em campos opostos, justamente na questão de condenar algumas invasões e defender outras.

        E o obscuro jogo-de-palavras etimológico, tornando ‘cinismo’ igual a ‘hipismo’ (raiz ‘hippo’ = cavalo), a arte de tratar cães, ‘saltando obstáculos’ [para] com eles.
        🙂

        • Tom, também compreendi a mensagem e a brincadeira, o jogo de palavras, perfeitamente, apenas aproveitei o mote do cinismo para deixar uma mensagem de inconformismo diante daqueles que dizem o mesmo sem nenhum viés humorístico – aquela gente que sabe do cativeiro, tem condições de resgatar, mas defende a tal justiça… bem simples. aproveitei a matéria-prima para minha reciclagem. beleza? 🙂

  8. Apesar de discordar da posição da Cora, também pela primeira vez, minha observação é sobre a qualidade dos comentários. Parabéns Cora ! Pelos comentários lidos até agora pude constatar que nem tudo está perdido. Ainda tem muita gente querendo debater questões sérias e relevantes com educação, discernimento e respeito. E isso é muito bom.

  9. Oi Cora
    Chegou o dia! Pela primeira vez nao acompanho a sua opinião
    Sim sensibilizo-me com a sorte dos bichinhos mas o modo como esse fato se deu nao tem nada de heróico ou espetacular. Senti que voltei a idade media, só isso. Nao é possível que, se tantos absurdos ali houvesse, nenhum outro meio CIVILIZADO seria possível para resgatar tais criaturas.
    Enfim, mais um ponto na lista das doenças sociais que vivemos.

    Obrigada pela chance de divergir com convicção.
    Adriana

  10. Deploravel querer usar humanos presidiarios desesperados para cumprirem suas penas com a sociedade e sem ao menos saber o que os motivou a cometer o crime e qual crime foi esse ( existem centenas de crimes que acabam em prisão) para pesquisas..deploravel uma reporter de descendencia europeia judia querer a volta de testes e pesquisas que tanto menguele e outros nazistas praticaram e aterrorizaram o mundo, porque não sujerir então que patricinhas que usam maquiagens até para dormir façam os testes de cosmeticos, porque não sugerir que dondocas com a cara dura de botox não sejam as cobaias?…assuatador não é? é sim..é desumano , o ideal seria mais pesquisas para tentarmos resolver essa questao que aflige e muito os cientistas e só eles podem resolver isso, não ativistas radicais.

    • Por favor, leia a crônica antes de me acusar. A sugestão não é minha, mas da dra. Preci Grohman, cujo texto reproduzi. O que ela propõe, obviamente, não é “usar humanos presidiários”, mas que prisioneiros que eventualmente queiram reduzir suas penas possam se apresentar como voluntários para testes.

      Em tempo: sou CONTRA essa posição da dra. Preci. Acho que Justiça é Justiça. Se a sociedade optou por determinada pena para determinado crime, essa pena deve ser cumprida integralmente — ou amanhã teremos um Marcos Valério da vida saindo da prisão em troca de um teste de dentifrício.

      • Muito obrigado Cora, por responder e deixar uma critica postada sem censura, isso a qualifica e muito. Mas quando um texto , pensamento ou parte dele é reproduzido sem nenhuma observação deixa claro a posição favoravel sobre o mesmo, a questão é que isso passou dos limites, estão demonizando pessoas e o pior demonizando cientistas, esses sim os verdadeiros possuidores da inteligencia necessária para isso ter fim, ativistas movidos por descontrole emocional, falta de paixão na vida e tudo mais, estão todas erradas e devido a esse destemperamento emocional somado a uma carga gigantesca de hipocrisia e humanofobia é triste..ontem mesmo invadiram a faculdade de medicina da PUCCAMP…aonde isso vai chegar? são ideias neofascistas sim…e uma pessoa que defende animais e quer a morte de coitados presos, drogados, mendigos , viciados o que quer que seja, pode ser qualquer coisa, menos uma boa pessoa.
        A ciência séria é a unica que pode modificar isso, criando e desenvolvendo novos experimentos . Precisamos é disso ..dialogo. Bom dia e abraços.

        • Mas quem quer a morte de alguém?! A pesquisa médica, folgo dizer, avançou desde os tempos do nazismo. E a ideia proposta, não só pela dra. Preci mas por muitos cientistas no mundo todo, é um voluntariado: participação voluntária (e com efeitos e consequencias muito bem explicados) em troca de redução de pena.

        • Como cientista da educação (UFRJ), gostaria de deixar a minha opinião:
          a utilização de animais em testes de laboratórios e universidades está também associada a objetividade da formação acadêmica como geradora do ganho financeiro e de títulos que traduzem o prestígio conquistado, desconectada do sentido da vocação (ética) e da empatia, e tudo isso construiu uma série de estímulos à deturpação do que realmente significa “cuidar dignamente de um ser vivo”, no caso da formação de médicos e veterinários. A paixão pela patologia e a curiosidade em desvendá-la, tornou-se algo, que nas entrelinhas, se expressa como um distanciamento emocional da realidade do paciente, seja este paciente, humano ou não . No que tange aos testes em animais, estes seres são vistos apenas como objetos de estudo e experimentação; como se nenhuma dor ou sofrimento tenha que ser levada em consideração. O “sofrimento”, como conceito de maior abrangência que a “dor” e como “expressão natural de qualquer ser vivo”, parece ter sido
          realmente ignorado por muitos cientistas, ao longo dos séculos, por motivos convenientes aos projetos da Mitológica Ciência…

          Alguns cientistas, hoje, ainda afirmam, ser algo essencial para a evolução da ciência, o uso dos animais em pesquisas. A polêmica gerada pelos meandros da vivissecção está muito além das discussões emergentes em nível mundial. A utilização de animais nestes estudos ainda é fragilmente justificada; pois segundo estes pesquisadores, o avanço tecnológico permite substituir os bichos na produção de remédios e vacinas que salvam vidas, mas muitos experimentos ainda necessitam dos seres vivos para se efetivarem. Felizmente, como brilhante divergência de opinião da área acadêmica, destaca-se o pesquisador Thales Trèz (do Departamento de Ciências Biológicas da Universidade Federal de Alfenas, em Minas Gerais) – professor que coordena uma Organização Não-Governamental de promoção de alternativas ao uso animal no ensino e assegura aos leigos no tema “medicina veterinária”, que em todas as experiências científicas, o uso do animal é substituível. As substituições dos métodos utilizados, por exemplo, nas aulas de fisiologia cardiorespiratória, onde costuma-se anestesiar os cães, abrir o tórax e injetar substâncias para apreciar as reações orgânicas, seriam feitas por: filmes, modelos tridimensionais e software interativos, que revelam o interior dos animais. A utilização de cadáveres de animais nas aulas de anatomia, já está sendo feita pela faculdade de veterinária da USP, que declarou ter terminado definitivamente com as aulas de técnica cirúrgica, que matavam animais; firmando desde então, parcerias com hospitais veterinários.

          Muitos alunos dos cursos de medicina veterinária espalhados pelo Brasil, sensíveis à dor e ao sofrimento dos animais, se sentem desencorajados para denunciar os maus-tratos presenciados durante as aulas, por medo da discriminação por parte de colegas e professores, ou seja, da “exclusão gradativa e irreversível”.

          Mesmo existindo o “Comitê de Ética no Uso de Animais” em algumas universidades brasileiras, que averigua os sinais e reações que podem indicar dor ou mal-estar do animal, fica aqui a pergunta: até que ponto podemos acreditar em avaliações deste gênero?

          Algumas decisões relacionadas ao uso de animais, resultados de reivindicações de ativistas ambientais, mostram que a luta vem gerando mudanças antes consideradas quase impossíveis.

          A faculdade de medicina do ABC foi a primeira no Brasil a proibir experimentação com animais vivos na graduação. Nos Estados Unidos, instituições renomadas como Harvard, Yale, Stanford e Mayo Medical School, há anos, não utilizam animais no ensino médico e tantas outras universidades permeadas pelo polêmico tema “sofrimento dos animais”, estão, compulsoriamente, revendo o que parecia algo definitivo: a opinião da ciência como algo indiscutível…

          Apesar dos avanços, o movimento mundial para a substituição do uso de animais por outros modelos, ainda precisa do apoio incondicional de todos os defensores da natureza; a fim de que o verdadeiro respeito pelo bem-estar animal seja uma realidade concretizada amplamente.

  11. Cora,
    Deploro que a comunidade científica continue a sacrificar animais para que eu encontre nas prateleiras das farmácias os fármacos que procuro para mitigar os meus sofreres. Sou totalmente leigo e tendo a pesar igualmente na balança as afirmações de cientistas engajados e não engajados nas questões éticas ou politicamente corretas da prática.
    No entanto, no que concerne ao absurdo irresponsável e indefensável do que se passou naquele laboratório, nós estamos em campos totalmente opostos.
    http://mukandasdonelsinho.wordpress.com/2013/10/23/rearrependimento-os-beagles/

  12. crônica perfeita.

    *****

    como é difícil quebrar paradigmas, por mais estúpidos que sejam. lembro-me de, há alguns anos, toda uma celeuma religiosa e grande comoção pública em torno da mencionada questão do estudo e desenvolvimento de células-troncos a partir de embriões. foi mais fácil para a comunidade científica aceitar gritos de religiosos contra aquela prática do que contra as pesquisas em animais; da mesma maneira, foi mais fácil à multidão gritar sua indignação e aos religiosos posicionar-se em defesa de fetos congelados que em defesa de animais em gaiolas, jaulas etc. como é difícil aceitar a dor, a alma, o direito à vida, quando se fala de um animal não-humano. um embrião descartado, congelado, condenado a não nascer jamais, ainda assim tem mais valor que um animal criado para o sacrifício. e todos esses, incluindo os animais condenados ao sacrifício, têm mais valor que um cão velho, mutilado, doente e abandonado na rua. que humanidade é essa?

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    outro paradigma igualmente difícil de quebrar, e igualmente a serviço do mesmo mal que condena beagles e coelhos fofíssimos ao cativeiro para a realização de estudos científicos é o que alimenta toda a indústria alimentícia. enfim, com a mesma dificuldade com que “eles” reconhecem os absurdos que fazem, podemos dizer, sem risco de erro, que “nós” também o fazemos, pelo mesmo motivo. e aqui sei que, pela força dos paradigmas, quem concordou comigo no comentário anterior, discorda de mim agora. eis o horror que nos faz caminhar dessa maneira, cometendo os crimes mais injustos justificadamente. a ciência avança, mas muitas comunidades científicas se arrastam presas aos velhos modelos e às velhas práticas, do mesmo modo que qualquer cozinheira, qualquer pessoa num fast food, quando o assunto é alimentação – e a mesma ciência já cansou de avançar no sentido de comprovar que há séculos ficou para trás a época em que a humanidade dependia da proteína da carne para avançar. mas todos ignoramos o que nos faz sentir melhor, ainda que nos torne muito piores do que poderíamos ser se tivéssemos a humildade de mudar.

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    fato: defender os animais sacrificados pela indústria em pesquisas científicas e compreender o mal contido em todo esse sacrifício é justo mas não nos faz, enquanto espécie, mais justos ou melhores, se, ao mesmo tempo, defendemos a indústria quando cria nas mesmas condições e sacrifica outros animais para a alimentação, quando muito, criticar a prática num momento e defendê-la no momento seguinte, só nos revela, repito, enquanto espécie, mais desequilibrados e hipócritas. outro fato: nosso progresso é lento, mas há de vir. os paradigmas caem, ainda que muito lentamente.

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    as mesmas pessoas que defendem a vida de uns condenam outros à morte; e fazem uma e outra coisa pelos mesmos motivos, sobretudo um: a incapacidade de livrar-se de seus modelos mentais ultrapassados para aceitar novos modelos mais justos, por orgulho.

    o orgulho é rígido, duro, firme, um pilar para a ignorância e a hipocrisia é travesseiro fofo apoiado nesse mesmo pilar para o homem repousar sua cabeça.

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    e o mesmo orgulho leva ainda outros a não defender nem fazer absolutamente nada.

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    canta, Gil:

    “A raça humana é a ferida acesa
    Uma beleza, uma podridão

    A raça humana é o cristal de lágrima
    Da lavra da solidão
    Da mina, cujo mapa
    Traz na palma da mão”

    • Adorei o que você escreveu.
      Me lembrou o “Comer Animais”, do escritor Jonathan Safran Foer, onde ele conta, entre considerações filosóficas, que resolveu pesquisar a indústria de carne nos Estados Unidos porque seu filho ia nascer. São cenas horripilantes, entre outras que nem consegui ler, de galinhas criadas em gaiolas minúsculas, que não fazem seu próprio ninho, não tomam sol, vivem juntas aos milhares, criando, com isso, várias doenças e, que, por isso, tomam milhões de antibióticos e remédios para suprir a falta de cálcio e outras vitaminas… ( o que me fez penar que, enfim, talvez a morte, para elas, realmente seja até melhor, já que isso não é uma vida).
      Essa indústria desumana é realmente necessária para a vida humana?

  13. Corinha: estamos em campos opostos.

    Invasão, vandalismo, depredação e prejuízos são “Invasão, vandalismo, depredação e prejuízos”, indefensáveis sob qualquer bandeira: MST, ‘Anarquistas’, Black Blocks, ou ‘Black Bichos’ (a transmissão ao vivo era da Midia Ninja?), todos com suas arroubadas e injustificadas justificativas para a quebradeira

    Os fins justificam os meios” nunca foi boa receita; sem chegarmos ao fim civilizatório, consegue apenas nos deixar no meio desta barbárie de ‘vale tudo’, cada vez mais generalizada

    • Tom, do mesmo jeito que um erro não justifica o outro, podemos dizer que a culpa de quem errou por compaixão não é maior que a de quem errou por desumanidade.

      construir uma sociedade de vândalos não é bom. promover a justiça do olho por olho, também não. mas até onde vai o limite asséptico da justiça? ou melhor: até quando esperar que a justiça se faça sem que todo o organismo se corrompa, putrefaça?

      essa justiça que nos impede de pular o muro para salvar um cão que está sendo chutado por uma mãe até a morte diante de uma criança, para depois de o cachorro morto, punir a mãe e a criança é realmente justa?

      como se faz para a justiça avançar?

      e quanto demora?

      não estou contra sua posição. logicamente não estou. mas não consigo também estar a favor, por menos lógico que isso seja.

      como saímos desse campo? como saímos desse embate?

      qual o limite justo para a ação dessa tal justiça lenta e nada razoável que faz com que uma investigação policial avance por mais de 1 ano, quando as gerações de vítimas que não duram nem isso se sucedem?

      o que é a justiça? um longo processo de criminalidade que, num belo dia cessa por decisão judicial?

      olha, Tom, diante de tanta hipocrisia com que convivemos como fossem verdades justas e fossem justiça, será que sequestrar animais de um cativeiro é mesmo comparável à ação desses outros todos que você citou? sei que parece, mas… é igual?

      desculpe-me, mas sei o quão injusta é a tal justiça e quão insanos são seus processos e representações.

      pode ser que um diploma de faculdade eleve um de nós a juiz dos outros, a legislador e a defensor de causas diante da lei, mas, de que isso vale diante do sofrimento que pode, num gesto humano, cessar?

      até mesmo essa tal justiça prevê, para os crimes, dependendo da situação, das circunstâncias, pesos diferentes. um homem, movido pela fome, pode roubar uma galinha, matá-la e sair livre. pois é…

      não sei, desconfio de que você e a Cora não estejam assim em campos tão distintos não. desconfio mesmo é de que apenas não tenham conversado o suficiente.

      aquele abraço.

      e me desculpe pelo pitaco.

    • Pensei muito em você enquanto escrevia, Tomzinho: conheço a sua opinião.

      Detalhe importante: não havia Black Blocs durante o resgate. Sinceramente não sei quem depredou o laboratório (sou radicalmente contra isso), não vi imagens de quebra-quebra.

      Como você, sou contra invasões etc. etc. etc — com uma única e importante exceção, quando há vidas envolvidas.

      De modo geral, não sou a favor de atitudes radicais. No caso da pesquisa com animais, porém, elas (ainda) têm seu lugar. Graças aos malucos da PETA e a ativistas de um modo geral, a sociedade passou a discutir um assunto que não estava em pauta. O resultado é que hoje há uma legislação mais severa em relação ao uso de animais, e os testes para cosméticos e material de limpeza, que todos achavam imprescindíveis, foram proibidos pela União Européia.

      Agora, graças à ação dos ativistas, o Congresso vai investigar esse laboratório, que recebe polpudas verbas públicas.

      Já é um progresso…

      • oi Corinha, merci. Mas…

        Então veja as imagens que sua ‘Mídia-Ninja’ não mostrou, de como ficou tudo quebrado, o saldo da invasão:
        JN – Ativistas Invadem Laboratório

        Teriam meu aplauso entusiasmado se eles tivessem ‘Edward Snowden’ o laboratório, entregando ao procurador provas irrefutáveis de maus-tratos e — sobretudo — descaso com protocolos internacionais.

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